Por Marcelo Sena
No início da pesquisa “SOBREPOSIÇÃO: Estéticas convergentes do corpo na história da dança e do cinema”, tivemos uma primeira semana do grupo de estudos com aulas do professor de cinema Laécio Ricardo. Ele foi o orientador de Filipe Marcena na conclusão do curso de Cinema e Audiovisual na UFPE. Filipe é cineasta da Cia. Etc. desde 2014 e neste momento está também coordenando esse grupo de estudo junto comigo. Ele na parte de história do cinema e eu na parte de história da dança.
Antes das aulas, Laécio havia passado alguns curtas do Primeiro Cinema (que vai de sua criação em 1895 até meados da década de 1910) e uma lista de 26 filmes:
Aula 1 – 1 de agosto de 2016
- – curtas do Primeiro Cinema
- – O Gabinete do Doutor Caligari
- – Encouraçado Potenkim
- – Homem com a Câmera
- – Limite
Aula 2 – 2 de agosto de 2016
- – Alemanha Ano Zero
- – Rastros de Ódio
- – O Homem que matou o Facínora
- – Noite e Neblina
- – Hiroshima, Meu Amor
- – Acossado
- – A aventura
- – A Noite
- – Persona
- – Deus e o Diabo na Terra do Sol
Aula 3 – 3 de agosto de 2016
- – Reminiscências de uma viagem à Lituânia
- – Lost, lost, lost
- – Jeanne Dielmann
- – O medo devora a alma
- – Cabra Marcado para Morrer
- – Cães de Aluguel
Aula 4 – 4 de agosto de 2016
- – Close Up
- – Still Life – Em busca da vida
- – Santiago
- – Jogo de Cena
- – Este amor que nos consome
- – Vive L’Amour
Muitos desses filmes são documentários e, mesmo com uma formação em jornalismo, eu não tinha visto quase nenhum desses filmes. Meu espanto foi grande pela quantidade de filmes que ele considerava de grande importância para uma breve história do cinema, o que causou muito desconforto nele, por termos pouco tempo, e a grande pretensão de termos uma “introdução” à história do cinema. Muita coisa ficou de fora, já sabíamos disso, e ele reforçava isso a cada dia que nos encontrávamos.
Uma semana antes de iniciar as aula, eu e Filipe tivemos um encontro na casa de Laécio. A questão principal que ele colocava era: como fazer um recorte dessa história para uma companhia de dança? Mesmo tendo a videodança como campo de pesquisa, o estudo agora deveria ir direto à história “do cinema” – mesmo tendo em vista que há vários cinemas – e à história “da dança” – composta também de inúmeros tipos de danças, além das não-artísticas, como as lazerísticas e religiosas, usando a categorização da pesquisadora Maria Goretti Rocha de Oliveira em seu livro Danças Populares Como Espetáculo Público no Recife.
A cada filme, muitas formas diferentes de perceber como o som era utilizado, como a câmera se movimentava, a corporalidade dos atores e “personagens reais”, modos diferentes de lidar com a passagem do tempo, a continuidade, como compor, como construir as emendas, as elipses, as sobreposições de linguagens ou qual o tempo necessário de um “take” pra atingir o que o diretor/autor/montador pretende.
Após as aulas, combinamos de fazer ainda um quinto encontro, onde cada um iria escolher dois filmes pra poder falar um pouco deles e do que poderiam contribuir com nossa investigação no campo da videodança. E desses, ficaram:
– Homem com a Câmera
– Rastros de Ódio
– Noite e Neblina
– Deus e o Diabo na Terra do Sol
– O medo devora a alma
– Close Up
– Still Life – Em busca da vida
– Santiago
– Jogo de Cena
– Este amor que nos consome
– Vive L’Amour
Após termos assistido a esses filmes, agora o desafio é irmos a esse 5º encontro e cada um compartilhar o que cada um desses filmes interferiu no seu modo de pensar, fazer e pesquisar videodança.
Depois eu conto o que aconteceu, mas se quiserem saber quais eu escolhi, são “Homem com a Câmera”, dirigido por Vertov e “Noite e Neblina”, de Alain Resnais, que inclusive já escrevi um texto sobre ele aqui no blog.
Esta pesquisa é mantida pelo Funcultura e o grupo de estudos está sendo realizado em parceria com a UFPE, a partir de um projeto de extensão da licenciatura em Dança.