Blog . Segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012 . Liana Gesteira
A pesquisa Corpo e Vídeo tem me proporcionado novos olhares para o mundo. A cada dia de grupo de estudos ou de experimento prático, o vocabulário do meu olhar vai sendo ampliado. Assistir a televisão, a um filme ou ver uma foto passou a ser exercício de terminologias: plano geral, plano conjunto, plano detalhe, ângulo zenital ou diagonal. De vez em quando me pego enquadrando o meu olhar para um novo aprendizado adquirido na pesquisa. Os ângulos “plongeé” e “contra-plongée” viraram até brincadeira do cotidiano. Sinto-me uma criança que está assimilando suas primeiras palavras e que se diverte em aplicá-las na vida.
Aos poucos, este exercício vai ganhando mais complexidade. Na última semana, foi preciso experimentar o movimento desse olho, capturando as imagens em novas possibilidades de dinâmicas. Como manusear uma câmera girando em torno de si mesma, ou oscilando entre planos horizontais ou verticais, numa panorâmica? Enfim, novos desafios. Muitos testes desastrosos, mas com muito humor. Os primeiros passos em busca do movimento da câmera.
A dificuldade a mais foi orquestrar o movimento da câmera com o corpo se movendo diante dela. Era preciso compor com os dois movimentos. Criar sincronias, desencontros, temporalidades. Não foi fácil. Senti-me uma criança tateando um novo brinquedo pela primeira vez. Sem nenhuma intimidade. A intuição guiando minhas escolhas. E foram poucas as composições de movimentos que faziam sentido. Minha impressão era de muito movimento em tudo e nehuma imagem constituída. Uma overdose de informação em meu olhar, que ainda age de maneira elementar nesse novo mundo. Mas que aos poucos está se abrindo e experimentando outras perspectivas do fazer artístico.