As relações e tensões entre o videoclipe, a dança e a videodança foram o foco da pesquisa VÍDEO, CLIPE E DANÇA, da Cia. Etc., que aconteceu de fevereiro a dezembro de 2018. Lançamos no Instagram um TOP 10 de categorias da dança no videoclipe, cada uma com um recorte curatorial inspirado em videoclipes que marcaram e ainda marcam a geração da Etc., no Disk MTV, nas discussões no grupo de estudos, e em alguns temas abordados pelo diretor de videoclipe e publicidade Luís Cerveró, em seu texto Bodysnatchers – apontamentos para uma história da dança (ou o corpo representado) no videoclipe, publicado no livro Dança em Foco – Entre Imagem e Movimento. A pesquisa VÍDEO, CLIPE E DANÇA contou com o incentivo do Funcultura.

FICHA TÉCNICA:
Edição: Filipe Marcena
Mixagem: Marcelo Sena
Vinheta e Identidade Visual: Bruno Amorim
Coordenação da pesquisa: Filipe Marcena e Marcelo Sena
Pesquisa artística: Elis Costa, Filipe Marcena, Iara Campo e Marcelo Sena
Pesquisa artística (colaboradorxs): Bruna Mascaro, Débora Bittencourt, Edson Vogue, Germana Glasner, Iara Sales, Marina Mahmood, Silvio Barreto, Tonlim Cheng e Victor Laet
Site: Alux Net
Administração: Hudson Wlamir
Assessoria contábil: Embraccon
Incentivo: Funcultura
Realização: Cia. Etc.

10 – MUSICAIS NO VIDEOCLIPE

Cenas de dança, geralmente, são características de videoclipes e filmes musicais. Em sua maioria a coreografia extrapola o desenho de movimento dxs artistas que aparecem na tela, para coreografar também a câmera, os cenários e a própria edição. Pensando nesta relação tão estreita entre esses gêneros, investigamos as proximidades dessas discussões também na videodança. Apontamos aqui alguns exemplos de videoclipes que buscam esse diálogo e de como podemos olhar por esse viés muitas videodanças.

Em obras como ‘Material Girl’ da Madonna, ‘I’m Glad’ da Jennifer Lopez, ‘It’s Oh So Quiet’ da Bjork e ‘Maybe’ da Emma Bunton, há homenagens diretas sendo feitas a musicais famosos através da recriação de cenas (Os Homens Preferem As Loiras, Flashdance, Os Guarda-chuvas do Amor e Charity Meu Amor, respectivamente). Já ‘Paper Bag’ da Fiona Apple e ‘My Moon My Man’ da Feist abordam a estética do gênero musical clássico a partir de sua linguagem própria de narrativa cantada e dançada. Já o caso de ‘Dola Re Dola’ é bem particular: na Índia, cenas dos famosos musicais do país acabam virando videoclipes como forma de vender as músicas, e eram inclusive exibidos na MTV Índia. O clipe é do filme Devdas, de 2002.

É com esta provocação que abrimos nossa série de vídeos sobre a pesquisa VÍDEO, CLIPE E DANÇA. .

VIDEOCLIPES:
Material Girl – Madonna (1985, dir.: Mary Lambert)
Dola Re Dola – Devdas (2002, dir.: Sanjay Leela Bhansali)
I’m Glad – Jennifer Lopez (2002, dir.: David LaChapelle)
It’s Oh So Quiet – Bjork (1995, dir.:Spike Jonze)
Paper Bag – Fiona Apple (2000, dir.: Paul Thomas Anderson)
My Moon My Man – Feist (2007, dir.: Patrick Daughters)
Maybe – Emma Bunton (2003, dir.: Harvey & Carolyn)

9 – CORPOS SUADOS

“O videoclipe estará sempre mais perto do vaudeville, do cabaré, da striptease ou do music hall que da dança entendida como um gesto livre de expressão artística. O corpo e a dança, na imensa maioria dos casos, aparecem no videoclipe como chamariz de desejo, sexo e diversão.” Luis Cerveró

Mesmo sem concordar plenamente com o que Cerveró levanta nesse texto, é fácil identificar isso em muitos videoclipes, mas nem tanto nas videodanças. Talvez o uso comercial e mercadológico que muitas produções musicais atrelam ao videoclipe tenha colocado a dança nesses vídeos como algo fundamental na sedução. Porém é interessante pensar como o sexo, desejo e erotismo pode nos fazer perceber outras questões como as de identidades sexuais, de gênero e questões de empoderamento que estão fortemente atreladas a esse modo de apresentar os corpos em movimento.

Selecionamos exemplos distintos de corpos eróticos em videoclipes, desde as primeiras incursões do vídeo musical nos anos 60, passando pela ávida e excessiva sexualização nos clipes pop e dance music, até obras nacionais e internacionais onde o balançar a bunda (em sua maioria bundas de mulheres) passa de exploração por artistas homens até uma apropriação contemporânea feminista.

VIDEOCLIPES:
These Boots Are Made for Walking – Nancy Sinatra (1966, dir.: desconhecido)
Human Nature – Madonna (1995, dir.: Jean-Baptiste Mondino)
In The Middle – Kazaky (2010, dir.: Yevgeniy Timokhin)
I’m a Slave 4 U – Britney Spears (2001, dir.: Francis Lawrence)
I Just Don’t Know What To Do With Myself – White Stripes (2003, dir.: Sofia Coppola)
Kiss – Prince (1986, dir.: Rebecca Blake)
Pode Balançar – MC Troinha (2018, prod.: Victor Ronã)
Baby Got Back – Sir Mix A Lot (1992, dir.: Adam Bernstein)
Anaconda – Nicki Minaj (2014, dir.: Colin Tilley)
Fade – Kanye West (2016, dir.: Eli Linnens)

8 – CORPOS MANIPULADOS

Se em um espetáculo de dança, o acontecimento está atrelado à presença física do público e artista e das possibilidades dessa presença; a dança no vídeo passa a contar com outras possibilidades de composição dos recursos do audiovisual, desde a continuidade das cenas às mudanças rápidas de enquadramento e a corporalidade da câmera, “emprestando” um outro corpo a quem assiste. No final dos anos 70, muitos videoclipes inserem esses corpos dançantes na tela, aproveitando esses recursos, manipulando suas formas, numa extensão ao pensamento artístico que já acontecia nesta época na dança e nas linguagens próximas como a performance, teatro físico, happenings, body-art e a videoarte.

O automatismo através da movimentação mínima ou inextistente de The Robots (Kraftwerk), as manipulações artesanais e fotográficas de Slave to The Rhythm (Grace Jones) e Third Reich Rock N Roll (The Residents), os experimentos com tecnologias de ponta como motion capture e outras alterações digitais de Light It Up (Major Lazer), BLKKK SKKKN HEAD (Kanye West), Thievery (Arca) e How’s That (fka twigs), e a mistura de técnicas para fazer placas tectônicas dançarem em Mutual Core (Bjork) são alguns dos videoclipes onde os corpos são distorcidos, transformados, descaracterizados e até destruídos através de técnicas de manipulação em vídeo.
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VIDEOCLIPES:
The Robots – Kraftwerk (1978, dir.: desconhecido)
Light It Up – Major Lazer (2016, dir.: Sam Pilling)
Slave To The Rhythm – Grace Jones (1985, dir.: Jean-Paul Goude)
Third Reich Rock ’n Roll – The Residents (1977, dir.: desconhecido)
Mutual Core – Bjork (2012, dir.: Andrew Thomas Huang)
BLKKK SKKKN HEAD – Kanye West (2013, dir.: Nick Knight)
Thievery – Arca (2014, dir.: Jesse Kanda)
How’s That – fka twigs (2013, dir.: Jesse Kanda)

7 – APRENDENDO COREOGRAFIA

Aprender uma coreografia por muito tempo era viável unicamente pelo contato direto com alguém que poderia ensinar ou criar uma coreografia ou por algumas técnicas de notação da dança, como a Labanotation, Benesh e Sutton. Mas nos anos 80 e 90, com a criação e popularização do VHS, inaugura-se um jeito simples e de baixo custo de registro audiovisual, uma ferramenta de extrema importância para a consolidação da videodança, assim como para a memória da dança. O surgimento da MTV intensifica isso com a combinação entre videoclipes dançados e o videocassete, popularizando ainda mais a divulgação de coreografias. Mesmo sabendo que aprender uma dança é muito mais do que apenas decorar passos, essa nova tecnologia abriu caminhos para muitas pessoas darem seus primeiros passos e ousarem outras danças. Com a internet e, principalmente, o YouTube, a quantidade de coreografias que se espalharam pelo mundo cresceram exponencialmente e tudo isso continua cada vez mais intenso.

Esses são alguns vídeos que assistimos durante a pesquisa VÍDEO, CLIPE E DANÇA e que consideramos icônicos nessa relação de aprender coreografias a partir de videoclipes.
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VIDEOCLIPES:
Gangnam Style – PSY (2012, dir.: Cho Soo-hyun)
Single Ladies – Beyoncé (2009, dir.: Jake Nava)
Ragatanga (Asereje) – Rouge (2002, dir.: desconhecido)
Fire – BTS (2016, dir.: Lumpens e GDW)
Macarena – Los Del Rio (1996, dir.: Vincent Calvet)
Tic Tic Tac – Carrapicho (1996, dir.: desconhecido)
Vogue – Madonna (1990, dir.: David Fincher)

6 – CORPOS RESISTENTES

Luta através da dança. A resistência de movimentos sociais e grupos oprimidos pela violência oriunda tanto da sociedade quanto do próprio Estado tem acontecido também na música e, por consequência, no videoclipe. Não que isso seja um novidade, mas a amplitude que discussões sobre racismo, classismo, feminismo e LGBTQIfobia tem alcançado nos últimos anos vem transformando abordagens, discursos e representações nos videoclipes musicais do ocidente, resultando numa vasta produção dentro desse contexto. Em termos de dança, o vogue, o funk, o twerk, as danças negras e queer, incluindo todos os seus desdobramentos e corpos, têm se popularizado cada vez mais através dessa linguagem, com cada vez mais atenção a problemas como apropriação cultural. A dança nesses videoclipes não é só veículo e argumento de uma resistência, mas a própria vivência e potência do corpo que é filmado.
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VIDEOCLIPES:
Deep in Vogue – Malcolm McLaren (1989, dir.: Jenny Livingston)
Etérea – Criolo (2019, dir.: Gil Inoue e Gabriel Dietrich)
Ponyboy – SOPHIE (2017, dir.: SOPHIE)
Brisa – Iza (2019, dir.: Felipe Sassi)
Pynk – Janelle Monaé (2018, dir.: Emma Westernberg)
Então Vai – Pabllo Vittar (2018, dir.: Hick Duarte)
Afro Rep – Rincon Sapiência (2017, dir.: Rafael Jacinto e João Kehl)
This is America – Childish Gambino (2018, dir.: Hiro Murai)
Larga o Aço – Léo Justi (Heavy Baile) (2018, dir.: Julio Secchin)

5 – PROPAGANDA-VIDEOCLIPE

Há uma discussão muito presente entre xs pesquisadorxs de videoclipe sobre seu formato publicitário, principalmente com sua grande disseminação na TV, nos anos 80 e 90. Há autorxs que chegam a diminuir seu valor enquanto produção artística, por encarar o videoclipe como uma peça publicitária para vender a música e o/a artista. Porém a história do videoclipe vem provando que a discussão vai muito mais além do que essa dicotomia simples entre arte e mercado. Nesta categoria de hoje, fomos buscar o caminho inverso: vídeos publicitários que se utilizaram da estética do videoclipe e da videodança para atrair a atenção de seus possíveis consumidores.
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VIDEOCLIPES:
HomePod – Apple (2018, dir.; Spike Jonze)
KENZO World – KENZO (2016, dir.: Spike Jonze)
Unleash Your Fingers – Samsung (2011, dir.: Arthur Kannas, Martin Hamelin, Simon Loizeau)
Keep Up – Nike (2005, dir.: desconhecido)
Denim Moves You – Gap (2012, dir.: desconhecido)
The A-Z of Dance – i-D (2014, dir.: Jacob Sutton)

4 – VIDEODANÇAS VIDEOCLÍPTICAS

O que define um videoclipe ou uma videodança já rendeu muitas controvérsias entre diferentes pesquisadorxs da área. Mas hoje ousamos partir do que a gente vem considerando como videoclipe, e fomos buscar algumas videodanças que poderiam se passar por videoclipes. Há autores, como Marsha Kinder, que aproximam bastante a definição de videoclipe com a estética que a MTV consolidou, como uma obra audiovisual de efeito hipnótico e hedonista, uma experiência predominantemente visual, e que tem a fragmentação, efemeridade e ausência de narrativa como uma das suas características mais fortes. Mas sabemos que há muitos videoclipes que vão no sentido contrário dessas definições. Sem buscar fechar em um tipo específico de videoclipe, fazemos uma provocação de perceber o que há de videoclipe nessas videodanças que apresentamos.
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VIDEODANÇAS:
The Cost of Living (2004, dir.: Lloyd Newson)
Weightless (2007, dir.: Erika Januare)
Preto no Branco (2007, dir.: Breno César)
Dame Vidrio (2006, dir.: Silvina Cortés)
Motion Control (2002, dir.: David Alexander Anderson)
Are You For Real? (2008, dir.: Kyle Ruddick & Cari Ann Shim Sham)

3 – VANGUARDA DA DANÇA NO VIDEOCLIPE

Nada mais estranho no mundo contemporânea da arte hoje, do que falar em vanguarda. Mas mesmo numa história ainda curta como a do videoclipe, podemos esboçar aqui alguns exemplos do que seriam considerados obras de vanguarda, frente ao que se fazia em maioria desses vídeos com a presença da dança. Enquanto na história da dança a vanguarda que conhecemos esteve atrelada a um novo modo de pensar e movimentar o corpo, no videoclipe o movimento foi na direção de extrapolar a relação mais imediata de filmar os corpos dançantes, para renovar por dentro a sintaxe do videoclipe, pela presença da dança como peça integrante e significativa do conjunto. Todos os artistas dessa categoria demonstraram domínio, visão e dedicação à dança no videoclipe no conjunto da obra ou em alguma fase de sua carreira .
VIDEOCLIPES:
Running Up That Hill – Kate Bush (1985, dir.: David Garfath)
Slow – Kylie Minogue (2003, Baillie Walsh)
Tous Les Mêmes – Stromae (2013, dir.: Henry Scholfield)
Chandelier – Sia (2014, dir.: Sia & Daniel Askill)
Valtari – Sigur Rós (2013, dir.: Christian Larson)
Casio – Jungle (2019, dir.: Josh Lloyd-Watson & Charlie Di Placido)
Tilted – Christine and The Queens (2014, dir.: J.A.C.K.)
In The Closet – Michael Jackson (1992, dir.: Herb Ritts)

2 – DIRIGIDO POR:

Ainda hoje é muito comum creditar as videodanças pelo nome de quem dirige. Mesmo com coreógrafxs e companhias renomadxs, a autoria principal da obra geralmente fica na direção da videodança. Com videoclipe o mais comum foi creditar apenas o nome da banda ou dx artistx, e dificilmente chegamos a saber quem dirigiu, porque raramente há créditos no próprio vídeo – a MTV geralmente incluía esse crédito no início e no fim do vídeo, enquanto hoje uma ferramenta que contorna essa deficiência atualmente é o site de informações sobre videoclipes, o imvdb.com. Com a ascenção da cena indie e eletrônica na música dos anos 90, os videoclipes passaram a ser estratégicos para o aumento de vendas, o que aumentou consideravelmente a produção de vídeos que investiam em ideias originais e ousadas. Isso foi elevando o status de quem dirigia esses vídeos, criando um hall de diretorxs que adquiriram o status de estrelas nos videoclipes, onde antes brilhavam apenas xs artistas da música. Interessante também pensar numa desierarquização das linguagens audiovisuais através desses autores, já que independente de onde começaram, seja no videoclipe ou no cinema, a maioria deles produzem ambos (e outros tipos de obras) com o mesmo vigor e frequência. .
VIDEOCLIPES:
Around The World – Daft Punk (Michel Gondry)
Weapon of Choice – Fatboy Slim (Spike Jonze)
Lotus Flower – Radiohead (Garth Jennings)
Bad Ambassador – Divine Comedy (Mike Mills)
Put Your Hands Where My Eyes Could See – Busta Rhymes (Hype Williams)
Tombei – Karol Conka (Kondzilla)
Little of Your Love – HAIM (Paul Thomas Anderson)

1 – FAÇA VOCÊ MESMO

É na virada do milênio com a popularização da internet e dos recursos tecnológicos de geração, captação e difusão da imagem que videoclipe e videodança encontraram um forte aliado para o aumento e diversidade na sua produção. Neste mesmo período, o mercado da música passava por uma crise, grande parte causada pelas ferramentas de compartilhamento gratuito de música pela internet, como o Kazaa, eMule, LimeWire, Mega Upload ou Pirate Bay. Uma das estratégias de driblar essa crise foi o uso do videoclipe como forma de divulgação e sua combinação com o YouTube e suas ferramentas de monetização.
Passamos de uma era que só era possível fazer um videoclipe ou videodança com um grande orçamento ou equipamentos custosos. Ficou viável fazer um vídeo interessante, com boas ideias, boa execução e ainda um grande alcance de público, a custos baixíssimos. Nessa jornada do videoclipe, passamos pelas primeiras máquinas de vídeos, como os Scopitones, pelas TVs, videocassetes, YouTube e, mais atualmente, as redes sociais. E para encerrar nosso TOP 10, a la MTV, concluímos com um pensamento do Luis Cerveró, que esteve presente em muitas das nossas reflexões: “Com o que vamos nos deparar no futuro? Não tenho a menor ideia, e não existe sensação mais libertadora que essa.”
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VIDEOCLIPES:
7/11 – Beyoncé (2014, dir.: Beyoncé)
Praise You – Fatboy Slim (1998, dir.: Spike Jonze)
Harder Better Faster Stronger – Daft Punk (2007)
Here It Goes Again – OK Go (2006, dir.: Trish Sie)
Harlem Shake – Baauer (2013)
Daisy – Fang Island (2009, dir.: Carlos Perez)

Esta série de vídeos foi lançada originalmente no Instagram, entre os dias 26 de abril e 1º de maio de 2019.