Blog . Quinta-feira, 2 de junho de 2011 . Marta Guimarães

Dias afastada das aulas de dança, o corpo recai numa preguiça estranhamente ativa. Embora distante do suor e agitação dos passos ensaiados ou movimentos pensados lentamente a cada articulação, o dia-a-dia me proporciona de uma forma muito curiosa investigações sobre o corpo.

Pensei por hora, que essa era uma atenção que tínhamos de dar tempo… como se no instante da “aula” fosse o instante do corpo. Mas o instante não existe, sabe- se lá o tempo, então me atenho ao corpo.

E veja bem, habito este corpo todos os dias e, não muito diferente das aulas , estou saindo da inércia, lidando com a gravidade, levada pelo movimento, empurrada pela peso, e opa! Num é que tou dançando!

Então resolvi usar das peculiaridades da rotina para estruturar, ou reestruturar esta minha atenção ao ato e estado corporal. Possivelmente isto deve soar como uma esquizofrenia, mas é sempre bom colocar nossas certezas à prova, e saborear um pouco do impensado.

Então, reparei que meus ossos se emaranham com as fibras dos músculos de forma a me fazer funcionar delicadamente como se apenas andar fosse tarefa muito fácil. Pensar a postura, o peso do corpo todo que suas costas seguram, toda a pilha de ossos que amontoadamente arranjados fazem você se sustentar… rotações, inclinações, suspensões, giros… olha a pedra! saltos.

Esfarelando os saltos dos sapatos, você está possivelmente andando errado. Estou?! Alinha os joelhos aos pés, à bacia e bem-vinda! Esta é sua postura correta.

Mas dóooi! Então pacientemente, dia após dia, você repete todo o mecanismo de alinhamento.

Entre dores e amores. Os dias, a dança…a dança nos dias.