[Por Elis Costa]
-“Elis, escreve sobre o Conexões?”
– “Vou escrever, sim, claro”, prometi a Marcelo.
No entanto, decidi esperar o tempo passar, pra assentar mais os pensamentos, recolocar no lugar minhas ideias. Hoje, exatamente um mês depois do evento ter ocorrido, encarei o papel.
Nada.
Estranhei a dificuldade, de tão amiga que sou das palavras.
Como assim nada?
Decidi então voltar as minhas anotações, e aqui tento reproduzir o mais próximo do que encontrei no meu bloquinho.
1ª tarde – apresentação dos convidados. uau. Uau. UAU. UAAAAAAAAAAAU!!!!
2ª tarde – processos criativos para cena x para a videodança.
PERGUNTA → é possível reconhecer videodança só pelo produto?
→ generosidade restrita ou auto-generosidade
→ compartilhar a demanda! Compartilhar a responsabilidade!
3ª tarde – a dança pelo olhar do vídeo.
“Estudo para a coreografia da câmera”
→ percepção do espaço é o que falta para o bailarino → disponibilidade para se dedicar a esse novo conhecimento → entender o espaço fílmico!
“As Técnicas do Corpo”, de Marcel Mauss.
* A câmera → o que me dá sentido.
* Dramaturgia da imagem → o que me convoca?
* Dramaturgia → o corpo se modula através do olhar.
* A imagem transborda e eu acho esse transbordamento na próxima imagem (pensamento de EDIÇÃO).
*Sentido é selvagem → não existe controle sobre ele. O máximo que pode-se alcançar/pensar são em tendências.
4ª tarde – pensar metodologia do ensino da videodança.
* videodança como campo de pesquisa, não pensar nela unicamente como gênero fechado (pra pensar enquanto formação).
* sensibilização para videodança → partir da qualidade de movimento.
* autores: Benjamim, Símeo (porta de entrada para a relação com o movimento), Laban e Marey (análise de movimento).
MUITA COISA, MUITA COISA, MUITA COISA! Uma graduação, me perdi nas anotações, ui!
* sim, mas o tema de hoje é $$$ → Festivais? Editais? Pagamento por exibição!!!!!!!!
5ª tarde – Avaliação e continuação, não necessariamente nessa ordem.
* Bom a videodança tentar se aproximar mais da dança e de seus problemas que do cinema. Assim ele pode criar sua própria história e com mais potência.
* Encaminhamentos e difusão das discussões: carta para festivais; colaboração/curadorias para o videodança+ e estratégias de manutenção do canal; compartilhamento/colaboradores dos programas “Sua Dança” → pensar temas, assuntos; uma produção escrita!!!; videodança como pauta para os colegiados…………….
* a Cia. Etc. é o meu lugar de guerrilha (pronto, vou chorar).
Ok, também não consegui reproduzir as anotações. No meu caderno, pra rascunhar essas palavras, usei canetas de muitas cores, fiz muitos desenhos, enchi as linhas de símbolos, pontos, traços, setas, diferentes fontes, escrevi na diagonal, ora meio centrífugo, ora mais convexo…
Se você – que tá lendo agora essa bela bagunça que eu fiz há um mês atrás – não esteve em nenhum dos dias de nosso encontro, talvez não entenda do que se tratou esses dias. Ou será que entende? (Me conta! Tem um espaço aqui em baixo do blog onde você pode deixar seu recado! Adoraria saber) Mas eu que estive presente, experienciei e desenhei todas essas informações, revisito através delas dias potentes, de muita construção de conhecimento, uma semana impulsionadora, que já gerou e ainda vai gerar muitos frutos. E acho que entendi a insistência do meu silêncio.
Foram muitas imagens, sabe? Vividas e registradas, na pele e no papel. Eu, que no corpo sou da palavra, fui desterritorializada, e vivi intensamente seis dias sob outros ângulos, tempos, espaços, texturas. Meus dedos, meu punho, não são capazes de traduzir a intensidade desse encontro. Meus olhos talvez sim.
Por isso, falho no exercício de escrever esse texto. Perdi o pulso de sua edição. Assumo. Concluo.
É que para falar sobre o Conexões Criativas 2 eu precisaria mesmo era de uma câmera, sabe? E, claro, do talento de Breno, da profundidade de Alexandre, da didática de Guilherme, da curiosidade de Valéria, da militância de Jaque, da ousadia de Clara, da elegância de Paulo, da inquietude de Sarah, da dedicação de Ailce e da fantasia de Laura.