O Conexões Criativas 2 pra mim tem um valor um tanto diferente.
Assim que conheci Marcelo Sena, diretor da Cia. Etc., estava acontecendo o Conexões Criativas 1 no ano de 2009. Olhei tudo aquilo e nada fazia sentido, tanta gente, tantas apresentações, discussões, trocas de experiências e um trabalho que estava lá, mas ainda era invisível aos meus olhos: a produção.
Logo depois, no mesmo ano e como fruto de parte das discussões veio o convite para minha entrada na companhia e do investimento do grupo em me formar produtor, vendo como uma forma de sanar uma lacuna e gerar mais um agente/produtor transformador. Desta forma, me considero um produtor formado em grupo e com a ideologia da Cia. Etc.. Depois de alguns anos de aprendizado, altos e baixos, me veio a ideia de propor um novo Conexões Criativas. Ainda não fazia ideia com que tema, mas gostaria de produzir algo como aquilo que vi há anos atrás e produzir mudança (algo que gerasse conhecimento). Eu queria produzir aquilo que há muito tempo atrás eu vi e não percebi.
Com este novo Conexões Criativas eu quis mostrar o resultado do que havia sido discutido e que incentivou a minha formação como produtor a partir da discussão sobre produção naquele ano. Assumi a coordenação de produção e vi que o trabalho é duro! Foi um projeto de 6 dias e 10 convidados de várias partes do Brasil. Pensamos este projeto para ser em estrutura de residência, um horário tranquilo e em local mais informal (sala de dança). Não queríamos a mesa, o microfone, a cadeira. O chão, o calor, a voz e o vídeo compuseram a grandiosidade do Conexões Criativas 2.
No meio de tantos papeis administrativos percebi a importância de ser produtor de grupo. Achar que o outro não é apenas um prestador de serviço ou apenas um recibo ou uma nota fiscal é bastante importante para que um trabalho como este floresça as relações humanas.
Ser um produtor e estar envolvido nas discussões é algo que me motiva estar dentro do grupo. Não me sinto e nem sou apenas um produtor executivo ou um administrador dentro da Etc., sou propositivo, sou um pouco artista, um pouco Hudson, um pouco videoartista, somos um, mesmo como todas as nossas divergências.
O que ficou dentro de mim durante o evento é que eu, a Etc. e a sociedade precisam de mais momentos em que pensar, produzir, escutar o outro, falar e sentar no chão sejam tão necessários quanto a necessidade de tomar vários copos de água por dia.
Hudson Wlamir
produtor cultural