Elis Costa

Elis Costa

Uma das criadoras do novo espetáculo da Cia. Etc.

Eu não invejo carro importado. Não invejo conta gorda, casa na praia. Não invejo emprego fixo, segurança financeira, família modelo, novo amor, jóias, bens. Eu não invejo “sucesso” de ninguém.

Se é que existe algo nessa vida que eu inveje, ou deseje ter sempre, é a vivência intensa de um processo criativo. Ah… só quem viveu sabe o quão viciante ele pode ser.

Não é estar no palco. Não é ter casa cheia. Não é ter apoio da crítica. E na verdade, nem falo aqui dos primeiros momentos de estudos e discussões. Quero dizer do momento que tudo que nos habita, já lido e sentido e experimentado, pega fogo!

É do processo que eu tô falando: aquilo que, pra mim, é o maior exercício do ser artista.

É a potência-tudo que abraça esse momento de elaboração de um novo discurso de mundo, a fala de um mundo outro. É a completa liberdade de julgamentos. O exercício da ousadia. A possíbilidade da experiência de ser mais uma vez e diferente, e melhor, e absolutamente qualquer coisa. Até nada, sem culpa. Porque no tempo da criação há espaço para tudo que existe mesmo – inclusive o devir.

Há uns 5 anos, no mínimo, não vivia isso como bailarina. Não assim, toda gestação, o completo caminho da dúvida e da escolha.

Estou vivendo agora, diariamente.

Lesionada, conversando com minhas dores, mas inteira. Entusiasmada.

ComsanguecorrendoligeiroavermelhandoosolhosfervendoasideiasqueinvademosonoobanhoahoradeestudarexplodindopratudoqueécantodedentrocomofogosdeartifícioBUUUUM!!!

E pela primeira vez do “jeito Etc”.

Dia de ensaio no Forte das 5 Pontas. [Foto: Filipe Marcena]