[Por Marcelo Sena]

Grupo de estudos

Já estamos bem avançados na pesquisa VÍDEO, CLIPE E DANÇA, mas a doideira de um ano como este nesse Brasil mais do que caótico nos faz começar a ter tantas desesperanças, que vamos perdendo até a vontade de mostrar as coisas boas que vamos vivendo. Foi nesse clima que fomos tendo nossos encontros semanais do grupo de estudos desta pesquisa que nada mais é do que a continuidade de uma estrada longa na relação da dança com o cinema; a videodança. Se em 2008 começamos a fazer esse “negócio” pela vontade de criar, indo para a parte bem prática, depois fomos buscando refletir sobre sua história e suas potências.

Estudamos relação do corpo com o vídeo, entendendo as próprias ferramentas e vocabulários do vídeo, (quando criamos vários experimentos como SLOW, CLOSE e CONTRACAMPO), inventamos de escrever um roteiro de videodança sem nunca ter visto um (esse roteiro era de BOKEH), juntamos um monte de gente de videodança do país pra discutir o que cada um/uma vinha fazendo com a relação entre dança e audiovisual (com o encontro Conexões Criativas II), ousamos recriar e ressignificar uma cena de dança de um filme para uma vinheta de um festival de cinema (que agora chamamos de “videodança” ESTELITA: FIGHT THE POWER, feita para o Janela Internacional de Cinema), fomos ver uma lista imensa de filmes icônicos da história do cinema, rever e reelaborar o pensamento sobre a história da dança e de como essas duas histórias poderiam dialogar numa videodança (que gerou DANÇA MACABRA) e flertamos (meio antiga essa palavra, né?) com o videoclipe na videodança REBU. E daí fomos percebendo que o “gênero” videoclipe poderia ser uma boa praia pra passear no meio dessas milhões de possibilidades de pensar, ver e criar videodanças. É com o projeto VÍDEO, CLIPE E DANÇA que a gente vem conseguindo dar continuidade e aprofundamento na nossa trajetória de criações e, ao mesmo tempo, conseguir se manter fazendo arte e buscando um pouco de respiro nesse lamaçal político que estamos.

Então a partir de hoje, vamos falar um pouco de como tem sido alguns encontros e algumas “descobertas” nesse mundo do videoclipe, que se consolidou como um gênero tão forte e conhecido no Brasil e no mundo, com uma grande parcela de responsabilidade com a MTV, que surgiu em 1981 nos EUA e em 1990 no Brasil.

Pra finalizar esse texto vou deixar aqui o vídeo RAINBOW DANCE, de 1936, dirigido por Len Lye e música de Jo Flüeler, que alguns já adotam como um possível videoclipe antes mesmo da época que se convencionou datar o surgimento do videoclipe (1975), com o BOHEMIAN RHAPSODY, do Queen.

* O projeto de pesquisa VÍDEO, CLIPE E DANÇA tem o incentivo do FUNCULTURA.