Há uma semana encerramos nossas atividades corporais neste intenso louco imenso ano de 2018. Ainda ontem tivemos a estreia de nossa nova videodança, DORIVAL, no FestCine, mas digamos que essa foi uma atividade “extra”, entre as tantas outras que ainda se estendem por esses dias. Artistas, né? Não sabem a hora de parar.

Encerramos gravando novos videos do #danceacidade. Com a gente, deambulando por ruas, avenidas e praças, seguiam alunos do curso de Jornalismo da Faculdade dos Guararapes, que faziam um trabalho final de uma disciplina – um documentário sobre esse projeto que nos trouxe tantas alegrias este ano.

A gente com o pessoal do curso de Jornalismo da FG, durante as gravações do #dancecaidade e do documentário deles, na Praça do Derby.

O #danceacidade não é um projeto que nasceu na Cia. Etc., sequer foi gerado aqui em Recife. Mas foi partilhado conosco num gesto de muita generosidade e confiança, e chegou nos ensinando e resgatando de uma crise que quase nos fez encerrar nossas atividades, após 18 anos de estrada. Foi ele também que nos trouxe Iara, que nos levou de volta para o sertão (esse mágico sertão, onde tudo e nada faltam), que nos aproximou do Projeto Transborda as Linguagens da Cena, que nos estampou em jornais, que nos fez desfrutar da companhia de Íris Campos, de Jorge de Paula, de Cecita Maria e tantas outras pessoas que dançaram conosco seus afetos, seus lugares, seus desejos (presencialmente ou nos afagando via redes sociais – que delícia, gente, muito obrigada). Um projeto que tensionou fronteiras, as nossas inclusive, e se espalhou por aí, reivindicando vida própria enquanto reivindica espaço pra nossos corpos e nossa arte, seja onde for (nos becos e ruelas virtuais, inclusive).

(Re)construímos nosso pertencimento dançando as belezas e agruras desse Recife, desse país, desse 2018 intenso louco imenso que parecia nos atropelar, tirar o ar. Mas sabe? Tanta coisa nasceu das dores de ser nesse ano, que decidir continuar foi um chamado de muita força, quase como decidir ainda existir – e com alegria. Foi preciso como navegar. E decidindo isso, tanta gente nos abraçou, tanta coisa maravilhosa aconteceu, tanta beleza explodiu diante de nós, e esperança e certezas e paz, que só pode mesmo ter sido coisa da Deusa.

Seguimos. Atentos e fortes.

A própósito: já tem vídeo gravado pra lançar até fim de janeiro. Instiga de sobra também. E uma coragem danada, como quem emerge do mar pra buscar fôlego e mergulhar ainda mais profundo.

Desde já, fica aqui nosso convite pra você: em 2019, dance a cidade com a gente. Qualquer um pode, qualquer um sabe, e a gente tá aqui pra ajudar no que for possível. Nosso baile segue, porque afinal, é de nossa vida que se trata. Torço pra que você nos dê a mão. E Bolsonaro que se cuide.