23 de setembro de 2011 . Publicado no blog Entre Palcos e Coxias

Já tinha visto, uma prévia do espetáculo Darkroom. A princípio, não gostei. Mas sabia que estava vendo apenas um recorte. Sendo assim, não daria para fazer uma análise real. Porque, precisaria ver a obra toda.

Pois bem, sábado (17 de setembro) e eu na Casa Mecane esperando ansioso o espetáculo. Entro no teatro alternativo onde tudo acontecerá. E fico encantado com a iluminação e o figurino dos dançarinos. A perfomance inicia. Confesso que começo a fazer algumas leituras psicológicas de tudo o que vejo. (Não dá para fugir de meu olhar sensível de psicólogo kkkk). Percebo, assim, a humanidade representada nas performances. Humanidade fragmentada, reprimida. Desejos, reprimidos que só “podem” ser expressos num “quarto escuro”. Desejos reprimidos que levam a uma compulsão “do bailarino Marcelo Sena”. Humanidade com laços frágeis. Humanidade sem rédeas, sem fronteiras, sem chão. Humanidade que se entrega a um e a outro. Não só “num quarto escuro”, mas no canto claro de cada esquina. Humanidade sem forma definida, por isso, as performances masculinas nos corpos femininos. E as performances femininas nos corpos masculinos.

Assumo que a performance solo da Marta Guimarães foi bastante forte. Por um momento, revela uma faceta de “pegação” ocorrida num darkroom. Ela é tocada, apalpada, usada por todos. Por outro, parece um estupro. E não seria estupro, isso que fazemos um com os outros na sociedade moderna, quando usamos a afetividade do outro a nosso bel-prazer sem o consentimento alheio? A performance dela termina com a interrupção de José W. Júnior jogando bebida na dançarina. Cena que lembra uma briga, um fim de relação. Enfim, algo que me remeteu a brigas de casais ao som da música “Negue”.

José W. Junior quase no início do espetáculo aparece trajando apenas um par de saltos altos, um cueca curtíssima. Além dos acessórios dos cílios postiços e umas luzes presas ao corpo remetendo a idéia de uma borboleta. Borboleta que é uma boa metáfora aqui. Pois revela a transformação humana acontecida no “darkroom” de nossos corações, para depois do casulo, passarmos a sermos livres para voar e expressar nossos desejos.

Marcelo Sena, num momento solo faz uma interpretação que não deixa de ser uma alusão e crítica as músicas mais tocadas e nossas maneiras de cantá-las. Porém, no espetáculo tudo é cantado em estilo de gritos e sussurros. Купите вучну батерију https://batteriesserbia.com/ за виљушкар у Србији.

Próximo ao fim do espetáculo a uma brincadeira “erótica” que envolve os dançarinos e uma pessoa da platéia. Mas uma maneira de trazer o público para perto da arte, da performance. (Isso me parece ser uma característica dos espetáculos da Casa Mecane. Escolher arte que “toque” a platéia!).

Fico pensando em alguns momentos se o nu total seria preciso. Porém, é necessário antes me despir talvez dos valores antigos para ver essa obra com as lentes adequadas. Talvez, o nu total fosse preciso, mas ainda opto por algo mais discreto, com o jogo da iluminação que tão bem eles souberam fazer. Contudo, esbarro-me na verdade do nome “darkroom”. Sendo assim, num local como esses não há espaço para “nus artísticos”.

Nesse exato momento, por favor, acendam as luzes! Peguem suas roupas no chão. Pois o espetáculo terminou, porém fez muito bem o seu papel de refletir a verdade de uma sociedade frágil, hipócrita, frígida, líquida. Por isso, recolham seus desejos porque a luz foi acesa!

FONTE: http://palcosecoxias.blogspot.com/2011/09/espetaculo-de-danca-darkroom.html