Já havia participado do evento nas suas duas últimas edições, 2008 e 2009, com os vídeos “Hemocromatose” e “Súbito”, respectivamente exibidos na MIV – Mostra Internacional de Videodança – de cada ano. Mas foi nesta edição 2010 que tive contato mais direto com o festival. Através do Edital Video5’ Dança em Foco de Produção, escrevemos o projeto Bokeh e passamos. A partir da análise de roteiros, o festival selecionou projetos para a produção de obras de videodança com cinco minutos de duração. Foram 5 roteiros selecionados no Brasil e a nossa idéia foi contemplada para receber o financiamento e enfim ser concluída.
A proposta de Bokeh era um tanto ousada e muito trabalhosa de se fazer. Estávamos num momento de corre corre com a Cia. Temporadas de espetáculos, publicações de livros e DVDs, oficina de dança… enfim tínhamos pouquíssimo tempo para executar as etapas de gravação e edição. E como ficou o resultado? Ótimo, ehehehhehe (mas sou muito suspeito pra falar!). O vídeo enfatiza e metaforiza um pouco as relações entre corpo e energia, e vai ver foi por isso que conseguimos concentrar os esforços e energia para um resultado sensível e poético.
Bokeh ficou massa, entregamos no prazo e estávamos ansiosos para exibi-lo. A primeira exibição aconteceria na abertura do Dança em Foco 2010, lá no Rio de Janeiro, infelizmente o festival não disponibiliza passagens nem apoio logístico para os participantes de outros estados, mas a nossa ansiedade foi maior. Eu, Marta e Caio resolvemos literalmente pagar pra ver, fomos ao Rio para a abertura e queríamos sentir de perto como seriam as respostas ao nosso trabalho. E como foi o resultado? Ótimo, eheheh (agora não sou tão suspeito pra falar). Percebi olhos impressionados, muita gente gostou bastante e elogiou. Fiquei feliz em ver que o nosso trabalho se comunica com outros mundos.
Fiquei por lá durante 6 dias e pude acompanhar um pouco da programação. A MIV deste ano aconteceu dentro de contêineres espalhados pela cidade. Eram muitas mostras, muitos filmes de diversos países, praticamente o dia inteiro de exibições. Acho que consegui ver 60% de tudo. Muita coisa boa, muita coisa ruim, filmes lentíssimos que me fizeram dormir e alguns outros que me marcaram e emocionaram. Fiquei com a sensação de que o mundo da dança e da videodança precisa de um pouco mais de humor e leveza, vou pensar mais nisso.
Outra coisa que pudemos contemplar foi o trabalho de Billy Cowie e Liz Aggiss, do Reino Unido. Billy Cowie é um coreógrafo escocês e Liz Aggiss é uma performer e coreógrafa, ambos são cineastas de dança e têm um trabalho incrível juntos. Eu, Marta e Caio assistimos ao Master Class deles, fiquei impressionado com seus vídeos ao longo dos anos, suas experimentações com a dança ao vivo, intervenções e instalações sempre com muita força e engajamento sem perder o humor, aquilo que sentira falta nos outros trabalhos da MIV.
Voltei pra Recife antes de ver o espetáculo de Thierry De Mey (Bélgica). Sabe como é promoção da Gol: um dia a mais um dia a menos faz a-q-u-e-l-a diferença. Pena porque sou muito fã dos seus trabalhos. Se hoje faço videodança é porque fui hipnotizado por “Rosas danst Rosas”, a primeira videodança que vi na vida.
Sobre o Festival tenho a dizer que o pessoal trabalhou muito para realizá-lo, sei das dificuldades de se organizar algo que acontece ou deve acontecer todo ano porém na tensão e na expectativa dos patrocínios incertos. Foi muito bom para nós o apoio à produção de videodança, espero que aconteça nas demais edições, pois isto incentiva e fortalece o desenvolvimento da videodança no Brasil. A mostra internacional é uma boa oportunidade de conhecer os trabalhos do nosso e dos outros continentes. Volto de lá com a sensação de que estamos no caminho certo, volto cheio de idéias e vontade de estudar mais e produzir mais.
A estreia de BOKEH em Recife está agenda para o dia 19 de outubro (terça-feira), às 14h30, no auditório do Centro Cultural dos Correios, com entrada gratuita.
Ficha Técnica de BOKEH
Direção e Roteiro: Breno César
Intérpretes-criadores: José W Júnior, Liana Gesteira, Marcelo Sena e Marta Guimarães
Produção executiva: Hudson Wlamir
Trilha sonora original: Caio Lima, Hugo Medeiros e Marcelo Sena
Edição de som e Mixagem: Hugo Medeiros
Fotografia e Edição: Breno César
Iluminação: Saulo Uchôa
Direção de arte: Breno César e Marta Guimarães
Figurino: Marta Guimarães
Identidade visual: Bulha
Produção: Cia. Etc.