Blog . Segunda-feira, 30 de janeiro de 2012 . Caio Lima
O que devo dizer neste espaço que sei lá o que cabe?
Quem sabe? A vivência numa semana?
Pouco, muito pouco até porque não dá.
Num mundo ruidoso, esqueço-me.
Quando o corpo é apenas o afeto só se quer mais; corpo, corpo sem psicologia!
Aquilo que derrete sem transfiguração: eu enquanto escrevo este texto.
O corpo ferve, as mãos tremem, Si em estado de ebulição.
Se o leitor, através destas letras, em mim estivesse saberia.
Trancafiados nesse quarto escuro e sem remédio: precisamos dos corpos, dos outros, dos corpos dos outros, como interpreto Michelotto na sua crítica entusiasmada ao DARK ROOM.
O corpo é o que me aparece modelo, representação da sensação. Costumo rir disto, pois é raro, no enredo cotidiano, parecer tão óbvio afirmar coisas dessa natureza.
Só através do corpo é que venho a ter com o mundo, ser no mundo e até, quem sabe, crer um mundo.
Movimento, ação, soprar no mundo o corpo da sensação,
cantar, apenas.
Há lógica num grande problema: o corpo para a consciência é como o silêncio para a música.
Como nos disse Cage: o som não teme o silêncio que o extingue!
E assim vai… Um não é sem o Outro; Compressão/Descompressão é como o som atravessa o espaço; a vida e a morte são potências, coadunam-se.
É quando eu grito: O corpo é a corda bamba!
Já o herói a gente deixa à consciência.
02:30 hrs
Deito-me na grama, ela está ao meu lado, outros dois estão se abraçando e o que apreendo das imagens com planos e ângulos é o que Si interfere no espaço. É quando a gente se dá para a conta de que alguém, fatalmente, existe e que não se pode falar, exatamente, por ninguém.
Olho para cima e me percebo miúdo numa estrela.
Levanto-me, Olho para baixo e sinto-me Plongée.
Num plano geral sou a natureza e suas cores, formas, sua música ensimesmada, um sentido para o ser.
Dentro da minúscula piscina de plástico assisto ao vento rebolar o coqueiro.
O que tem nas imagens?
É como, por exemplo, fitar o rosto de um velho de frente para o mar do plano detalhe ao plano geral.
Imenso, inefável.
Arte é na coragem de gozar, amigos!
Eu encontrei a Etc. para viver estando apaixonado sem a pieguice do crente,
até onde estende-se o meu texto.
Uma ventura!
Belíssimo texto. Passa entusiasmo, tensão, dor, alegria, enfim, vida! Vida e suas incongruências, e suas dicotomias que queremos resolver, exterminar mas que fazem parte de nós.
Parabéns!